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| Peter Pan (Box - Clássico Zahar; edição de bolso) |
Um dos meus clássicos favoritos é, empatado com Alice nos País das Maravilhas, Peter Pan. O que mais me intriga nessa história não é fato dele ser um garoto que não quer crescer, ou das fadas não serem 100% boas, o que me intriga no livro são as lições que podemos tirar dele e mais do que isso, detalhes que passam despercebidos por nós.
Quanto mais leio esse livro, mais eu gosto. Já sabemos que é um livro que não é um clichê e que foi adaptado pela Disney, sabemos também que os personagens são diferentes dos que nos eram apresentados naquela época, não há princesas, nem príncipes encantados, tampouco bruxas ou castelos majestosos. A grande quebra está no ideal, Wendy Darling não é uma garota idealizada, frágil.
Muito pelo contrário, ela é uma garota que gosta de aventura, piratas, sereias, fadas, seres perigosos e desafiadores, ela está preocupada em contar histórias aos seus irmãos e não quer mudar de vida, não quer crescer. É uma garota que queria ser escritora, algo considero uma morte social antigamente, já que não existiam muitas mulheres escritoras e as que haviam eram julgadas e nenhum homem queria que casar com elas.
A sociedade daquela época, que foi pouco depois da Era Vitoriana, era extremamente machista, julgando e sub-julgando as mulheres e, de repente, alguém cria uma personagem como a Wendy, forte, corajosa, destemida e que luta por seus direitos, ela vai contra todos os ideias do Reino Unido.
A história em si é simples, porém apaixonante, conta a história desses três irmãos (Wendy, João e Miguel) e de como suas vidas mudaram depois de conhecer Peter Pan, o que menino que não quer crescer.
Peter Pan, líder do grupo dos Meninos Perdidos, inimigo de Capitão Gancho, um pirata que tem um gancho no lugar da mão esquerda, melhor amigo de Sininho e amante das história contadas por Wendy, vive na Terra do Nunca, uma ilha acolhedora e maravilhosas, com criaturas mágicas, piratas e índios.
Nada clássico como dito antes, mas envolvente e apaixonante, há várias adaptações dessa peça, livros, filmes, outras peças, há os livros da Zahar que são de colecionadores, há o filme da Disney e o filme que foi com atores e atrizes.
Como dito antes sou apaixonada por todos os personagens, mas por um detalhe específico, eles são imperfeitos. Começamos por Wendy, uma garota delicada, mas que as vezes é grossa e respondona, Miguel o irmão desobediente, mas que está sempre alegrando a casa e João a criança que cresceu antes do seu tempo e por isso se torna o mais racional dos três.
Peter Pan é o personagem principal, mas mais do que isso ele é irritante e mimado, ele é aventureiro e corajoso, ele irrita e encanta. Ele é apenas um menino perdido que não quer crescer e que odeia o mundo adulto, ele é só mais uma criança que não quer crescer e quantas vezes nós já nos pegamos pensando que não gostaríamos de crescer? A diferença entre nós e Peter é que ele podê, na história, escolher e criar uma terra para tal feito. Capitão Gancho seria o temido vilão, mas por outro lado sua presença é tão importante quanto a presença de qualquer outro personagem. Sem ele o fato de ser criança não seria nada, o Gancho pode ser considero a vida adulta e Peter a vida infantil, os dois estão sempre em conflito para ver quem vai ser mais forte e vai vencer, no final quando os irmão voltam para casa e levam os meninos perdidos juntos, de certa forma o Capitão ganhou a batalha, pois mesmo com a forma física morta, não se pode controlar o incontrolável e crescer é inevitável.
Um livro que mostra o inevitável, mas que conforta todos com a infância retida, dá esperanças aos mais novos e lembra o adulto da criança adormecida que está dentro dele. É um livro para todos e que vale a pena ser lido e relido, em diferente idades e diferentes épocas do ano. A cada releitura descobrimos uma lição nova ou mudamos uma visão já ultrapassada. É por isso que dizemos que, adaptando a frase de Heráclito, lemos, mas não lemos o mesmo livro duas vezes.
